06 November 2006

Cuamin linduva yassen megrille


... marcado pela vida, pela derrota e pelo cansaço, sinto-me bem por ti marcado!!!

Todos nós somos egoístas! Toda a minha vida vivi sob este lema e nada, mas mesmo nada em toda a minha existência me levou a pensar que estou errado. Todos nós procuramos o prazer e mesmo quando o prazer é ajudar os outros ou empreender uma cruzada contra as forças do mal, mesmo aí estamos a satisfazer o nosso próprio prazer; estamos a ser egoístas.

O verdadeiro altruísmo é uma coisa muito complexa: para podermos fazer algo que para além de nos satisfazer as nossas necessidades (por mais altruístas que elas sejam) toquem, mesmo que só ao de leve com os desejos de outros temos de delegar responsabilidades, de partilhar benefícios, malefícios, consequências e prazeres, temos de deixar de pensar de uma forma una e passarmos a pensar de uma forma multi-pessoal, abrangente, complexa e completa.

Até ontem nunca tinha presenciado nada que se pudesse equiparar a este pensamento, nunca até ontem tinha vivido uma acção desta complexidade e abrangência.

Eu, que me considero uma pessoa de bem, com grande preocupação pelos que admiro, prezo e amo, gosto, como todos nós de escrever páginas desta vida, aquelas que me dizem algo seja por que razão for, no meu coração. Nele tenho escrito e continuarei a escrever, gravando momentos a talho de escopo, nas raízes mais profundas deste meu malfadado coração .. este mesmo que me há-de ser fatal um dia. Mas todas estas escrituras, escritas ou simplesmente gravuras rupestres só são visíveis para mim mesmo; só eu as vejo, sinto, revejo e relembro. São feitas à medida do meu absoluto egoìsmo e servem um só propósito: o de me alimentar a alma em momentos de escasssez emocional, de me fazer sair, quiçá, de uma pseudo-depressão ou de um momento de absoluta fraqueza ... à custa de lembranças, de memórias vividas, de outros. Puro egoísmo!!

De repente .. algo de novo. Alguém do fundo das trevas marca-se e marca-me para sempre; partilha as suas gravuras com o mundo e comigo ... torna-me cúmplice de uma gravura rupestre talhada com suor, sangue e dor no fundo do seu ser .. para sempre ..

Pergunto eu: existe acção mais altruísta do que partilharmos o que gravamos no nosso coração com a pessoa que dessa gravura faz parte? Existe entrega maior? ... para mim não, para mim, que penso que tudo entendo, este foi a maior surpresa da minha vida .. e também a maior alegria partilhada que eu jamais vivi.... a ti minha Princesa celestial, minha divina inspiração, minha alma partilhada ... o meu grandessíssimo "bem haja":

Marcaste-te e marcaste-me .... para sempre!

19 October 2006

A Côr da Alma



Terá a nossa alma côr? Certamente! Terá uma só côr? .. ou será multicolor?

De que côr afinal nos pintamos? Quando nos vemos ao espelho que côr vemos para além do nosso reflexo?

Sabendo que, científicamente, a côr nada mais é do que o reflexo mais ou menos acentuado de uma ou mais gamas da luz solar, fará algum sentido esta pergunta? Faz pois, porque se pela ciência a côr não passa de um processo reflectivo, pela alma ela é muito mais que isso; é um estado de espírito, uma emoção, um cheiro, uma lembrança, um devaneio ou em ultimo caso um sonho reincidente.

Pois, mas assim sendo a nossa alma terá mil e uma cores, dado a proliferação de emoções, lembranças, devaneios, taras e sonhos. Concordo plenamente que na nossa alma estarão contidas todas as cores do universo ou pelo menos aquelas que o nosso conjunto ocular olhos/cérebro consegue identificar (à volta de 50.000 no comum dos mortais).

Mas de que côr será ela realmente por dentro, sem o reflexo de cores e influências externas. Será ela branca e translucida como um copo bem lavado com o melhor dos abrilhantadores, capaz de absorver e reflectir todas as cores que por lá passam? Ou será ela negra e baça incapaz de ser influênciada por tom algum? .. imutável na sua côr própria!

...
Que côr tem a mentira?
Que rosa será mais rosa? A côr da própria rosa ou a do corar da Rosa?
Qual dos verdes terá a raiva? O garrafa escuro e sombrio ou o límpido alface?
Será o escarlate vermelho?
Será a carne encarnada?
O azul celeste pode também ser cião, ou não?
E o violeta? Púrpura claro?
De que côr são os teus olhos? Castanhos? Marron?

De que valem as cores sem os seus adjectivos? .. de que valem os adjectivos incolores? .. ou os substantivos a preto e branco? .. ou os adverbios descolorados pelo tempo?

Porque serão os pensamento côr-de–rosa .. ou negros? Porque não podem eles ser verdes, amarelos, vermelhos vivo ou mesmo roxos?
E a esperança é mesmo azul? Não será laranja? .. e a laranja não será ela de outra côr nunca antes vista, contada ou imaginada?


E a minha alma? .. de que côr é a minha alma? Verde como uma floresta de coníferas rodeada de uma aura azul marítimo com manchas amareladas como que gasta pelo sol?
...

Não sei!
Sei que gosto de olhar lá para dentro e ver o desfilar de cores mais ou menos vivas, mais ou menos ligadas umas com as outras, ás vezes desconexas por completo, mas brilhantes de alegria, outras em “dégradés” de perfeita sintonia mas com aquele “matte” mortiço como cobertura.

...e quando às minhas cores se juntam as Tuas numa sinfonia colorida, tal qual paleta de pintor no final da sua obra, onde o preto e o branco, o amarelo e o azul, o verde e o vermelho não se distinguem uns dos outros mas sim se fundem emotivamente num turbilhão de emoções tonais, ....

... então sim eu posso responder à pergunta: De que côr é a minha alma?

- Muito, “N”, Bués, Imensamente, Buéréré de colorida !!


07 May 2006

Só um beijo ...

. . .

Só um beijo pode ser a diferênca entre ser e sentir ...
Só um beijo pode ser demais ...
Só um beijo me faz sonhar ..

Só um beijo Teu me satisfaz!

. . .

13 April 2006

Iluminatium




Feci quod potui, faciant meliora potentes

12 April 2006

O Réu do Amor


A sala estava cheia. Hà muito que não se via tal coisa. Todos os intervenientes da vida estavam presentes, todas as correntes filisóficas, políticas, étnicas e espitituais estavam de alguma forma representadas. Um burburinho de proveniencia incerta rompia os tímpanos como se de um motor V12 se tratasse. Era um barulho acutilante que nos rasgava as entranhas.
No banco dos réus, sossegado, quase inerte, o Coração. A um olhar mais isento pareceria culpado sem sombra de dúvida. No majestoso lugar de juiz, o Sr. Cérebro, senhor de todos os raciocínios e de todas as certezas, acessorado pela Razão e pelo Bom Senso. Que trio!, diram muitos. Impossível de falhar; justiça seria feita!
Para formalizar a acusação, a dupla de Nervos saltitava de contentamento. Não era para menos; nunca uma sentença parecia tão certa.
A Alma, advogada de defesa, parecia triste, deprimida, distante até, como se tratasse de um julgamento à distância, sem corpo presente ... (verdade seja dita, este era como se não existisse de tão anestesiado que estava).
Como testemunhas principais, alinhavam-se na primeira fila o Estômago, e a sua filha Ursúla, o Fígado, uma serie de Veias e Artérias inchadas de raiva e a um canto, quase inundados pelas suas próprias secreções, os Olhos. Estes quase pareciam mais vítimas do que figurantes óculos neste processo. Em abono da verdade eram-no ambos.

Apesar da evidência das provas apontarem para uma rápida resolução do caso, a capacidade litigiosa e persuasiva muito acima da média, assim como a sua taxa de sucesso, faziam da Alma um trunfo impar. Esperava-se uma longa sessão.

Mas não foi. Um dos Nervos interrogava incansávelmete o réu: “Sr. Coração, pode-nos dizer aonde estava e que fazia entre as 18h00 e as 22h30 do dia 12 de Abril de 2006?”
Seguiu-se um longo silêncio. Depois o burburinho voltou mas quase em surdina, como se o V12 estivesse ao ralenti.

“Sim, confesso! Estava em casa, não tenho alibi e sim; estava a AMAR!”

O burburinho tranformou-se num coro de exaltações. Ninguem queria acreditar. As testemunhas, todas elas abonatórias e amigas do réu estavam de rastos. O Estômago ardia de raiva, os Olhos soluçavam espasmicamente, o Fígado descarregava a sua raiva na sua mulher Bilis. Até os espectadores mais passivos mostravam a sua indignação e sua tristeza; O Pancreas contorcia-se, os irmãos Pulmões respiravam ofegantemente, duas fileiras de Dentes rangiam de dor e até os pacatos Intestinos se manifestaram ruidosamente.

A Alma essa estava parva! Só os Nervos saltitavam continuamente, como que para disfarçar o contentamento.

Os três magistrados estavam cabiz-baixos. O Bom Senso tinha baixado visívelmete os braços e Razão até tinha abandonado a sala. O Sr. Cérebro, que à priori se tinha debatido com a dúvida de uma culpa, não tinha outra alternativa perante os factos. Deu as três marteladas da praxe menos efusivamente do que costume e proferiu secamente:

Veredicto: CULPADO; O Sr. Coração é deste modo condenado a amar perpétuamente!

06 April 2006

A Vénus de couro!


Da cintura, apertada pelo espartilho de couro,
parte o vale dos seios, farto, generoso.
Em cima dos ombros desnudados o pescoço altivo.
A saia também ela de couro,
como que moldada às ancas, reflecte as luzes quentes da noite.
As botas, altas, esbeltas, poderosas, evocam sonhos já vividos.
Com um leve movimento de cabeça faz rodopiar os cabelos negros,
e eu como que seguindo o movimento fico tonto.
Os olhos escuros, misteriosos, intensos mostram que me querem.
O esgar de um sorriso malandro acentua-me a tontura.

Eu, de joelhos, entrego a alma numa bandeja de prata.

A Deusa fala e da sua voz rouca e áspera emanam ondas de calor que percorrem todo o meu corpo.
Estremeço de felicidade.
Sei que a minha entrega, na procura do seu prazer, da sua felicidade, faz esta Deusa ser mais minha. A minha Vénus de Couro!
Sou feliz.

Dôr


Que sentimento louco este …
Uma agrura imensurável, um ardor descomunal,
Entranhante e entranhado,
Como que um eterno Mal.

Que terrível agonia ..
Uma tristeza profunda, sentida,
Intensa, inexplicável, insuportável,
Em desacordo com a Vida.

Uma laxante dôr ..
Que nos alivía, nos acalma,
Luxuriante, acuta
Invade-nos a Alma.

Berro e não sai som,
Grito e ninguem me ouve,
Choro sem verter lágrimas,
... como num pranto precoce.


Sonho ... espero ... rogo!


Pelo chicote apaziguador,
Pela tortura serena,
Pela Dôr que não se vê
... na minha humilhação suprema.


Uma gaivota ...



Uma gaivota voava .. voava, filha da p… nunca mais se cansava!


Rodeados de natureza por todo o lado, cismamos em não a ver, teimamos em ver os prédios em vez dos pássaros.
Alguma vez já viram uma gaivota a voar contra a nortada?
Porque não somos assim, tão persistentes? Porque não perseguimos os nosso objectivos até ao fim? Porque desistimos tão fácilmente? Porque temos medo do ridículo? Porque temos medo, afinal?
Porque na natureza a desistência é a morte .. a gaivota sim deveria ter medo!

...

Providos de um intelecto que só nos baralha, nos confunde e nos trai, desviamo-nos fácilmente do básico .. das nossas necessidades básicas .. de tocar, de cheirar, de ver, de ouvir e de provar.

O quanto eu gostava de ter a mente e a teimosia da gaivota e lutar alegremente até ao limite das minhas forças contra a nortada, alheado de outro qualquer pensamento que pudesse denegrir a minha luta ... exausto e feliz!

05 April 2006

Desilusões ..



Nada mais deprimente do que uma valente desilusão; ou talvez sim: uma série delas em corropio!
Mas se pensarmos bem a desilusão não é mais do que o desfazer de uma ilusão, o cair do pano da cena, o voltar à realidade, o fim do espectáculo.
Que raio de criaturas somos nós que vivemos num mundo tão real e concreto que nem o vemos. Passamos o tempo no nosso mundo, o que criamos a cada instante na nossa mente, cheio de utopias fabulescas, as quais sabemos não existirem, ignorando a cada instante o realismo e pragmatisto que nos rodeia?
Em que estado evolutivo nós vivemos que por um lado nos dá uma mente poderosíssima, anos-luz mais avançada do que a dos nossos primitivos antepassados, mas por outro lado ainda não tão forte que nos permita ultrapassar efectivamente dos nossos limites físicos?
Porque pensamos se nao agimos, porque imaginamos se não concretizamos, porque sonhamos se não acordamos?
...
e no entanto, basta ouvir o mero silêncio da tua voz, sentir a força da tua presença ou simplesmente ler as palavras da tua alma, para me trazer a paz de volta, para me iludir de novo!